sexta-feira, 7 de junho de 2019

O dia cinzento

 







No céu cinzento vejo gaivotas. Voam baixo. Em circulo. Hoje não são livres. Qualquer coisa as desorienta. Talvez o cheiro a desencantamento. Não picam para a rebentação em busca do peixe que se aventurou à superfície das águas. Não oiço o seu grasnar excitado. Voam em silêncio. É estranho! O dia não tem ruídos. Nem sequer as ondas murmuram segredos às areias da praia. O único segredo está fechado cá dentro. Vozes de revolta abafadas, do outro eu que sabe a verdade. A náusea, enquanto vai abrindo gavetas. O desejo de fugir antes que ocupe todos os circuitos. Fugir. Continuar a fugir, mergulhando sempre mais fundo. Mas fugir para onde, se estou cercado...?
 
 


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