terça-feira, 26 de novembro de 2019

Quem atira o comandante pela borda fora?



 
(… sobre a fase final duma época que todos nós conhecemos muito bem; ficámos no limite da linha vermelha, para lá da qual havia um abismo que se chamava bancarrota!

Já lá vão mais de oito anos, muita gente esqueceu-se, outros nem por isso e o mais importante, e negativo de tudo, é que ainda vamos ver o comandante a escapar no intervalo da água da chuva...)


Vamos nisso! Metralha metafórica.
O homem que está ao leme tem febre, delira. E não é bom porque, normalmente, os delírios são agitados e trazem consequências graves para quem é acometido por eles. Mas neste caso, parece que funcionam ao contrário. Por vezes até se ouvem vozes e veem-se coisas, embora não pareça ser o caso do homem que está ao leme no momento. O mar está calmo, tão calmo que lembra um lago. E ele, mais calmo ainda, tem tudo sob controle. Os marinheiros canhotos e os não canhotos. Os mais reguilas e também os espertos que gostam de armar aos cágados, mas que não chegam aos calcanhares dos reguilas genuínos. Quanto ao chefe dos marinheiros não é motivo de preocupação, pois só quer que todos se entendam e encontrem o tratamento mais eficaz para curar a doença contagiosa que se generalizou entretanto, embora em mudo de surdez. Assim, se não houver sobressaltos de monta, o barco que dirige vai chegar a bom porto. Mas dizem certas vozes abalizadas que o homem delira. Senão, vejamos:
«Ó senhor marinheiro, o senhor compara-se a um moinho de vento, pois já admitiu há anos precisamente o contrário. Quero dizer-lhe uma coisa que vai ser importante para se sentar e meditar. Isto se conseguir convencê-lo. Quanto mim, sou e fui sempre coerente. Por exemplo, ontem resolvi dar ordens na cozinha para não aumentarem o custo das refeições. E é muito simples fazer cumprir esta ordem, porque, hoje mesmo vou mandar reduzir as doses por marinheiro. É a lei do equilíbrio, senhor marinheiro. Tira-se num sítio e põe-se noutro.»

O marinheiro-chefe-da-cozinha diz que sim, embora para ele seja talvez.
«Mas, onde fica guardado o capital subtraído, ou melhor… retirado, meu comandante?»
«Isso é cá comigo. Ou melhor, vou dizer-lhe porque pode servir para memória futura. Tenho um amigo de infância que vai ser o fiel depositário do capital em questão e garante exclusivo quando precisar dele no futuro.»
«Ah! É uma ideia genial.»
«E quem sou eu, senão um génio? A médio prazo, ele vai emprestar-me, parcela a parcela, esse espólio. Agora pode ir ao seu trabalho.»
«Emprestar?»
«Sim, abécula. Ainda não percebeste?»
No momento não existem à vista escolhos na rota que traçou. Até porque se especializou a anular as vicissitudes desde que tirou aquele curso muito importante, segundo as más línguas, aos fins de semana e em tempo recorde. Não senhor, o curso é válido. Mais que válido. Outros já fizeram o mesmo e lixaram-se. Ele não, porque é o comandante e um comandante vale pelo que vale. Por estas e por não ter pruridos em cortar, fininho, a direito, seguiu sempre em frente na senda do êxito.
«Queres um lugar ao sol? Faz como eu.»

«E como faz o senhor comandante?»
«Olha, conquista-o a qualquer preço.»
No princípio da viagem que iniciou há mais ou menos cinco anos tudo rolou sobre esferas. Ou melhor: o barco flutuou sempre como se impunha, as “ratazanas” suas amigas não se inquietaram em momento algum porque, conforme o previsto, ninguém lhes fazia caça e a “carga acumulada” manteve-se sempre nos locais seguros, ideais para lhe dar a necessária segurança de modo a tornar efetiva a viagem fantástica, à volta da Terra em tempo inimaginável, levado pelo sonho de ser implementada em breve a nova aposta TGV (ah!, maldito mito!) no barco.

«No barco?»
«Sim, é preciso ter imaginação. O resto vem por acréscimo.»
«Não compreendo, mas está bem.»
Aliás, investir obsessivamente nas novas tecnologias foi sempre com ele. Só ele e o imediato bastaram para que essa viagem levasse sempre o azimute certo, sem terem que fazer o mínimo desvio. Foram quatro anos coroados de êxito e premiados com visitas históricas e produtivas a destinos há muito sonhados, obviamente com gastos substanciais em benesses e honrarias destinados a marinheiros-boys/objectos-chave contratados a bem do interesse do seu barco. Foram tão bons os anos que até deu para fazer várias benfeitorias no barco, planear novas rotas,  remunerar com generosidade alguns dos seus marinheiros. Tudo isto aconteceu entre o fim da viagem e a planificação para outra que se avizinhava um pouco mais complicada, mas para ele, homem que ia ao leme, não havia obstáculos que não pudessem ser contornados.

Foi então que o mundo mudou de uma semana para outra, após a ocorrência de um cataclismo, por exemplo comparado a um sismo de grau altamente destruidor, de preferência seguido de tsunami, ou então um super vulcão que entrou em atividade, devastador até dizer basta. Foi a explicação que deu e o seu imediato secundou-o porque também sabia do cataclismo. Isto é, assobiaram os dois para o lado. Um dom especial que têm marinheiros de categoria manhosa de alto lá com o charuto. Tudo bem, o cataclismo fora motivado por causas externas. Só que omitiu que esse sismo era uma das muitas réplicas já “sentidas” pelo seu sismógrafo que, por sinal, não mostrara ser muito sensível, por motivos obscuros, aos fenómenos mundiais. É que o grande, o poderoso, o decisivo, já tinha ocorrido há meses atrás, ainda antes do início da segunda viagem fantástica. Amordaçou a verdade tão bem amordaçada que nem o Pinóquio, criado magistralmente em madeira com muito carinho pelo pai Gepeto, teria arte e engenho para esconder semelhante mentira sem que lhe crescesse o nariz.
Como não procedeu no momento à reparação do casco do barco, após o embate violento provocado pelo cataclismo, que até podia ter sido um icebergue, viu-se a braços com um rombo enorme (leia-se dívida soberana duplicada) que não parou de alargar e o barco começou a meter água, mesmo muita água.
Que fazer?
Precisava de encontrar um culpado para se safar em beleza, como de costume, assacando a culpa para cima dos outros. Obra perfeita de um magnífico vendedor de ilusões.
«Ó senhores marinheiros!, mostrem mais dignidade no trabalho. Ensinem os mais novos. Sabem muito bem que temos que tapar a todo o custo este buraco no casco. É enorme e pode levar o barco ao fundo. Mais dignidade e afinco no trabalho. Preciso a todo o custo da vossa colaboração. Se não chegarmos a acordo é pior para vocês. Ficarão para toda a vida com um pesado fardo na consciência por não terem colaborado comigo.»
Lá em baixo, os marinheiros, canhotos e os não canhotos, culparam-se de imediato uns aos outros pelo desastre acontecido naquele barco adornado perigosamente para a esquerda, até então desconhecido, desastre que provocou o buraco colossal no casco do barco do homem que ia ao leme, embora pressentissem quem era o verdadeiro responsável. Não o enfrentaram porque o perigo consequente era grande, maior, bem maior que o rombo. Ele tinha-os na mão. Quanto ao chefe dos marinheiros, canhotos e não canhotos, não podia decidir nada. Não. E porquê? Porque não. Somente porque não e estava tudo dito.
Virou-se para o imediato e apontou o dedo:
«Como vamos de cálculos, António?»

«Bom... não é?»
«Achas que temos margem de manobra para o problema do barco?»
«Há muitos escolhos nesta zona, comandante. O barco está lento e desafinado e a nossa viagem começa a tornar-se perigosa. Por outro lado, não há peças sobressalentes e o combustível escasseia. Já enviei um SOS e disseram que não havia nada para ninguém, a não ser que concordássemos com as suas condições.»

«Condições? Ninguém impõe condições. E para disfarçar, só para disfarçar vamos continuar a manter os nossos projetos megalómanos.»
«Mas ainda podemos navegar se o mostrengo, que nos atemoriza e parece que está no fim do mar, não fizer mais ondas por enquanto e deixar engordar ainda um pouco a despesa para os projetos. E quais são essas condições?»
O imediato foi convincente.
«Bem, apertar o cinto e fazer cortes nas despesas. E concordo com a simulação dos grandes projetos. Por exemplo, insistir nos dois super barcos sem fundo.»

«TGV e Aeroporto? Ah!, escapou-me. Estamos a falar dos super barcos. Quanto ao mostrengo…?»
«Por enquanto esse mostrengo não nos vai engolir. Temos dois meses para sobreviver ao seu abraço final.»
«Só dois meses? Mas eu é que devia dizer isto. Trocámos as deixas.»
«Não faz mal. Estamos os dois no mesmo barco e nas mesmas contas.»
«Isto é que é uma porra!»
«Que porra, pá?»

«Estamos os dois no mesmo barco, mas serei eu quem, num futuro próximo, vou dar a má notícia.»
«E quem querias que fosse? Deixa comigo. Contudo, acho que temos que emagrecer o barco para se tornar mais leve. Manda deitar já a carga ao mar. Só assim vamos conseguir aumentar a velocidade. De nós, percebo eu. Nós cegos e isso tudo.»
«Também eu.»
«Porreiro, pá! E como vamos de rasteiras?»
«Na melhor…»
Enquanto o comandante cofiava o bigode que não tinha, o seu imediato, profeta com visão de longo alcance, traçava as linhas básicas da sucessão. As colossais dificuldades, "vulgo favas", que se avizinhavam ficavam para o futuro comandante e seus seguidores. Depois, era simples. Rasteira aqui, rasteira ali, muita manha, alianças imprevisíveis e o futuro era seu.
«Mas já o fizemos e o resultado foi nicles, bofes, pregadeiras.» Mentiu, ou fez que não fez.
«Como pôde acontecer este descalabro, ó António?»
«Aconteceu. Pronto, meu comandante. Mas já sei o que fazer para tapar o buraco. Como não me lembrei mais cedo?»
«Então diz lá.»
O imediato esfregou as mãos de contente ao ser iluminado por um pensamento sinistro, incandescente, que até ameaçava deitar lume.
«Baixamos os salários aos safados dos marinheiros que não fazem nenhum e com o dinheiro sacado paramos no próximo porto para comprar um motor novo e mais potente para o barco e também mais combustível, não vá o diabo tecê-las. E também alguns víveres para adoçar a boca aos nossos boys que começam a estar inquietos.»
«Isso, isso, os boys-marinheiros. Mas com esta situação grave, sem porto que nos acolha e subsidie, lá vou ter que apontar o dedo acusador de mestre-escola para qualquer lado que me vire. Que lado? Tanto faz. Diz-me uma coisa, António… achas que nos safamos com este novo pacote de emagrecimento?»
«Que pacote, comandante?»
«As medidas que precisamos para sairmos desta crise, asno.»
«Não me chames asno que afino.» Pensou, mas não disse.
«Não podemos demorar mais tempo neste embuste. Há mais buracos no casco, bem sabes. E outros ainda estão por formar-se. Se ficarmos aqui vamos ao fundo num fósforo. Temos que ir quanto antes buscar um motor novo e combustível.»
«E a verba?»
«Pois é. Só nos resta fugir.»
«Abandonar o barco neste mar que se adivinha alteroso? E o comandante até já disse uma vez: “fugir, nunca!”»
«Isso foi noutro contexto, minha grande abécula. O mundo deu uma volta muito grande de repente. Fazemos uma fuga para a frente, cretino. Vamos lá a todo o vapor para o porto de reabastecimento.»
«Demasiado tarde, comandante.» Disse o imediato, apreensivo. «Olhe!»
«Estou a olhar. Mas os alemães o quê?»
Largou o leme por momentos e pegou nos binóculos que tinha à mão de semear.
«Não vejo nada.»
«Pudera, comandante. Pôs os binóculos ao contrário...»
«Ah sim.»
«Sabe o que estou a ver?»
«Não, diz depressa que preciso de ir mijar com urgência.»
«Um grupo de marinheiros está a acenar para a corveta FMI.»
«São os sacanas dos canhotos, ou os cabrões dos não canhotos?»
«Nestas circunstâncias tanto faz. Olhe, comandante, até já lançaram um tiro de aviso. A situação é crítica, muito crítica. Rendemo-nos?»
«Sim, é melhor. Vai buscar a bandeira branca. Sei como dar a volta ao texto.»
Ou ele não fosse o comandante que ia ao leme.
«O comandante é o máximo.»
«E vamos lá a ver uma coisa... A culpa não é dos marinheiros que estão lá em baixo?»
O imediato coçou a cabeça.
«Também pode ser. Então já estou a perceber o filme. Trago duas bandeiras brancas em vez de uma. Rendemo-nos ao inimigo que vem na corveta e também aos canhotos, por exemplo. Não é nada connosco, diremos. Não é mesmo nada connosco quando o comando do barco passar para os canhotos ou os não canhotos que, entretanto, terão que se haver com o FMI.»
«Anda, vamos fugir no escaler de luxo.»
«Então vamos. Mas para onde?»
«Sei de um paraíso onde vou aproveitar para desenvolver uma tese e também viver à grande e à norueguesa. Tu, desenrasca-te.»
«À grande e quê?»
«Estou a disfarçar, meu otário.»
«Então está bem.»
«Vamos então para o escaler de luxo. E se também tiver um rombo?»
«Não se preocupe, comandante porque tenho uma cunha para o diabo.»
«Também é boa ideia. Ouvi dizer que dantes fazia muito calor lá, mas agora está tudo em greve porque o diabo já não tem mão em ninguém. Quando há lenha faltam as acendalhas e quando chegam as acendalhas alguém escondeu a lenha. Assim não há volta a dar.» Concluiu o comandante.
«Deu-me uma boa notícia, comandante.»
«Oui! O escaler de luxo já está no mar.»
«Avante!» incitou o imediato.
«Avante, não.»
«Então em frente.»
«Em frente também não.»
Novo coçar de cabeça, desta vez em simultâneo.
«Não te lembravas, pois não, não te lembravas...»
«Que bronca, comandante. Não é que me esqueci de lhe dizer uma coisa?»
«De quê?»
«Isto é tudo uma farsa. O barco está na doca seca para tapar o buraco e não temos dinheiro sequer para fazer cantar um cego...»
«Isso é o que tu julgas. Não esqueças que estou ao leme. Temos que continuar a fingir, embora não saiba para onde vou. E também sei que não vou por aqui, a partir deste beco sem saída. E olha uma coisa, agora falo para ti, mostrengo que treme com todos os dentes que tens, contando com os postiços. Enquanto estiver ao leme não há mostrengo que me abata. Já outro homem o enfrentou e não passava de um simples marinheiro às ordens de El-Rei D. João Segundo que, segundo se sabe, não tinha as novas tecnologias do Magalhães.»
«Ah, pois. O Magalhães. Uma lança em África. Eu sei, comandante. Mas não foi num país da América do sul?»


O homem que está ao leme tem febre, delira. E não é bom porque, normalmente, os delírios são agitados. Por vezes até se ouvem vozes e veem coisas. Mas parece não ser o caso do homem ao leme. O mar está calmo, tão calmo que lembra um lago. E ele, mais calmo ainda, tem tudo sob controle. Os marinheiros canhotos e os não canhotos. Os mais reguilas e os espertos que gostam de armar aos cágados e não chegam aos calcanhares dos ditos reguilas. Quanto ao chefe dos marinheiros não é motivo de preocupação, pois só quer que todos se entendam. Assim, se não houver sobressaltos de monta, o barco que dirige vai chegar a bom porto. Mas dizem certas vozes abalizadas que o homem delira. Ai delira, delira e há muito tempo. E quem está a pagar as favas são os mexilhões de calibre médio e também os de calibre médio baixo. Como de costume os de maior calibre safaram-se. Os ditos tubarões. Como aquele que simulou uma chifrada num local público.
Entretanto os sindicatos do barco em terra...
«Ao ataque, companheiros... vamos a ele. Onde está esse tal comandante mestre-escola, que gosta de apontar com o indicador, para o empurrar pela borda fora?» perguntou um sindicalista, deveras irritado. «Se o apanho se o agarro...»
O homem do leme pensou três vezes e três vezes teve a mesma ideia.
«Olha o capuchinho vermelho! E que nariz tão comprido! Sabes onde se escondeu o manhoso do comandante?» perguntou um outro à personagem do imaginário das crianças do meu tempo.
«Não, não sei. Ó senhor marinheiro! Procure noutro sítio e talvez o descubra.»
«Que grande porra! E tu?, por acaso sabes?» perguntou à avozinha.
Esta tinha a resposta na ponta da língua.
«Frio frio como a pedra do rio.»
Claro que a avozinha era o imediato a sair de fininho do barco.
Só com esta simulação do tipo das “histórias da carochinha” é que o comandante se safou no último momento de ser linchado. E, quer acreditem quer não, uma história metafórica como esta aconteceu num país real que se afundou lentamente por teimosia e inépcia do seu “comandante mestre-escola ambicioso e gabarola” que não soube (ou não quis) enfrentar a tempestade que há muito se avizinhava no “horizonte”.
«Está tudo bem. Vamos afundar-nos, mas adiante... que atrás vem gente para fechar a porta!»
Ilusionista de primeira água, iludiu a maioria dos marinheiros e ignorou os avisos à navegação daqueles que retratou como sendo os novos e maldosos velhos do Restelo, vindo infelizmente a acontecer o naufrágio tal qual como estes tinham previsto.
«Lá vai ele! Atirem-no pela borda fora...» Disse um.
«Demasiado tarde! Este que agarrei é o Pinóquio mascarado de Capuchinho Vermelho. O outro bem nos enganou.»
Até ao fim do fim, acrescenta o narrador.
«Ah sim. A esta hora o comandante já está bem longe a estudar "a maneira de tornar as coisas fáceis em difíceis"...»
«Paris já está a arder?»
«Não.»
«E quem vai sair bem desta história?»

«Quem vai sair mal, já sei.»
«Está-se mesmo a ver que o comandante e o imediato vão safar-se em beleza. Rasteira aqui, rasteira ali... Li no futuro.»
«Estão está bem.»
«Duvido que esteja.»
Voltando ao comandante...
Há comandantes como este, que não parecendo o que são, são aquilo que este pareceu ser sempre. Uma vez identificados nunca mais são esquecidos, embora muitas vezes sejam libertados porque a lei está do seu lado pelos piores motivos. Na minha modesta e leiga opinião, claro.
Finalmente, fica a pergunta:
Porque foi que ninguém teve a coragem, em devido tempo, de empurrar pela borda fora este diabólico hipnotizador de marinheiros e não marinheiros?

POSTERIORMENTE...

22 de outubro de 2020
O comandante já não navega, mas continua a escapar no intervalo dos pingos da chuva. Quase afundou o barco que, entretanto, foi posto a flutuar pelo Segundo Comandante ou o quem quer que seja. A princípio, o mar estava calmo e ele fez façanhas que muitos fariam em tempos de vacas gordas. Até pôs o Diabo debaixo do braço, vejam lã! Mas esta criatura maléfica chateou-se e deu ordens ao mar para que as suas ondas se levantassem, alterosas, vindas do "inocente oriente". E as vacas emagreceram, continuam a emagrecer e vão continuar a emagrecer até terem só pele e osso. Entretanto o comandante de agora diz que não larga o "tacho", perdão, o barco, nem por nada, por mais que emagreçam as vacas. "Que se lixem! Há valores mais altos para além do défice!" 
Acontece, para mal dos nossos pecados, que tem poder até dizer chega. Nem no tempo da velha senhora tal acontecia porque essa era forreta e não distribuía benesses a quem quer que fosse. Este comandante é a antítese da velha senhora e os seus "boys" não são esquecidos. Assim, o "polígrafo" diz que é verdade que o comandante continua a ter poder, mas não consegue prever até quando.

Mas diz a profecia dos ciclos que, um dia, não muito longínquo, vai perder o seu sorriso otimista ao deparar com uma força abismal, portanto de fundo, sem retorno, a atrair o seu querido barco para o maneta. Resultado: ele e os "boys" terão que abandonar o barco, tal como fez o outro, mas por outras razões. Dúbias razões. E diz também a profecia que virá outro comandante, lá dos lados opostos ao comandante "canhoto", para tentar o resgate do barco, como aconteceu da outra vez.
Porra!, os milhares de marinheiros do navio andam cegos e os de outros navios não são capazes de lançar o "grito do Ipiranga"?
Desculpem lá alguma coisinha por este "porra", mas dá mesmo vontade de dizer. 
"O povo é sereno", dizia Pinheiro de Azevedo. 
Pois é. Mas oxalá desta vez não perca a memória...
Viva o hidrogénio! 

Até...

Um sorriso para a posteridade
para que não se esqueçam deste comandante!


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