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iscou um fósforo na lixa já gasta da caixa prismática e deixou escapar uma careta de contrariedade, porque a cabeça vermelha do fósforo não respondeu ao atrito que provocou. Ato contínuo, repetiu a operação. O veredicto confirmou-se e atirou a caixa para o bordo interno do passeio. De nada lhe serviu ter retirado aquele cigarro sem filtro do maço SG. Definitivamente não ia fumar nos tempos mais próximos. A longa avenida marginal que comunicava com a praia estava deserta àquela hora da noite e não tinha qualquer intenção de voltar para trás.
«Ideia louca a minha!» comentou para si.
A noite estava mais que agradável para um fim de outono que já deixava espreitar o inverno. Talvez as alterações climáticas fossem responsáveis por aquele bom tempo fora de época que se manifestava há já alguns dias. Ao mesmo tempo, no passado remoto dos milhões de anos das eras geológicas tinham ocorrido vários fenómenos, como repentinos avanços e recuos dos oceanos (transgressões e regressões), períodos longos de violentas erupções vulcânicas, variações bruscas no clima provocadas pela alteração na inclinação do eixo da Terra, ou então pela queda de meteoritos, como aquele que provocou a extinção dos dinossauros e não só. A vida foi seriamente afetada, mas sem ter ocorrido essa ocorrência sinistra não estaríamos agora cá. A extinção dos dinossauros permitiu a expansão dos mamíferos.
Bom, mas deixemo-nos de injeções de ciência, já estafadas. O que ele queria dizer é que devia já ter substituído a caixa de fósforos por outra. E agora só lhe restava acontecer um milagre, como encontrar um fumador em toda aquela longa avenida, bem como voltar atrás, coisa que não queria fazer de forma alguma.
Precisava de esticar as pernas. Como dizia o seu médico bonacheirão, de dar corda aos sapatos.
Sorriu ante a ideia de voltar atrás. Mas o vício do cigarro parecia ganhar força.
Admitiu que até ao presente ninguém tinha conseguido desenrolar a fita do tempo, à exceção de H. G. Wells num romance de ficção científica a que deu o nome de "A Máquina do Tempo". Mas ficção científica era ficção científica e estava tudo dito.
«Vamos em frente, Luís.»
Em que tinha pensado? Ah, pois, admitiu voltar atrás. Não, a casa. Sim, aparecer em casa. Como então? Poder recuar no tempo, pelo menos uma hora. E depois, voltar à marginal, já a inspirar e a expirar o fumo dos mil e um compostos químicos soltos de um cigarro.
Sem saber porquê, o Luís continuou a olhar para a caixa de fósforos encostada à base do muro de meia altura que ligava com a praia.
Há já algum tempo que a noite tinha caído sobre a cidade. A Lua, em quarto crescente, mostrava-se um pouco acima da linha do horizonte. Vénus fazia-lhe companhia. A temperatura do ar estava agradável e convidava a um passeio pela marginal. Foi por esse motivo que saiu de casa. Por esse motivo e não só. Com aquele exercício de esticar as pernas tinha oportunidade de queimar mais umas calorias extras e assim seguir os conselhos do cardiologista controverso.
«O meu amigo não tem nada. Tire da sua cabeça essas minhoquices.»
«Não, doutor?»
Mas, pelo sim pelo não, não fosse o diabo tecê-las, o médico tinha-lhe receitado um medicamento para a insuficiência coronária e também um diurético que o obrigava a beber mais água e a visitar os sanitários públicos com mais assiduidade, aumentando assim o risco de contrair uma perigosa infeção urinária.
«Quem me manda lembrar-me...?»
Olhou para trás e também em volta.
«Ninguém à vista. Tenho que aguentar!»
Então decidiu continuar a caminhada. Mas antes, talvez fosse bom olhar uma última vez para a caixa de fósforos.
«E se...?»
Não completou o pensamento porque decidiu que ia molhar os pés. A água devia estar agradável.
E não pensou noutra coisa. Levado por um impulso saltou o muro que dava para a praia.
A sua ideia quase obsessiva pecava por ser estranha. A caixa podia já ser outra. E, de preferência, nova. Com uma lixa que ao fazer atrito com o fósforo dava direito a pregar mais uma tábua no seu caixão.
Não era de todo em todo verdade. A haver caixão, não era para sempre. Já determinara que seria cremado.
Essa ideia obsessiva da nova caixa de fósforos, a concretizar-se seria uma coisa do outro mundo. Como foi o fenómeno ocorrido com um maço de cigarros que um amigo chamado Mário lhe tinha contado...
Manhã adiantada do primeiro dia do ano de 1991. Saiu da casa da praia com a única intenção de tentar recuperar dos excessos da passagem do ano. Não dormira mais que três horas e, por esse motivo, sentia a cabeça nas nuvens. Não se embriagara, mas tinha bebido fora das normas. Aconteceu e não era seu hábito. Talvez reflexo dos excessos prolongados ao longo da madrugada, sentia-se culpado de qualquer coisa e nada tinha feito de mal. Nem sequer bebeu para esquecer. A consciência dizia-lhe que, mais tarde ou mais cedo, devia sair duma situação insustentável. Bem tentara sem êxito.
Começava a acreditar que Alguém lá em cima gostava pouco dele, ou talvez nem sequer o conhecesse. O insucesso com uma mulher que nunca chegou a entender muito bem, parecia fazer prova. Eram águas passadas e tinha que dar uma volta por cima.
O movimento era grande nas ruas naquele fim de manhã e tal parecia atordoá-lo ainda mais, decidindo de imediato afastar-se da zona do barulho, subindo a antiga estrada principal onde havia no cimo, e à esquerda, a estação de serviço.
Optou pelo passeio do lado direito, onde podia apreciar pela enésima vez as vivendas que se encostavam perigosamente ao alto da arriba originada em terrenos do Cretácico, ricos em fósseis, mas muito deformados pelas convulsões havidas no passado remoto, talvez ainda antes do cataclismo que veio do céu há sessenta e cinco milhões de anos.
Não encontrou ninguém conhecido, o que lhe agradou muito. Só queria que aquele horrível peso na cabeça desaparecesse e o mais rápido possível. Tinha-se deitado muito tarde, depois de mais uma simulação de festejo da entrada de mais um ano. Sentia-se cada vez mais um estranho numa terra estranha.
«Robert H. Heinlein.»
Acabava de dizer em voz baixa o nome do escritor de ficção científica onde tinha ido buscar a última fase que assentava que nem uma luva no seu estado de espírito.
Passara por toda aquela gente, mais preocupado em observar o chão das ruas do que as próprias pessoas. Não que tivesse perdido alguma coisa.
Quando chegou ao sul era já quase meio-dia. Tinha intenção de ir ao miradouro. Dali podia ver-se o mar numa extensão enorme, até à linha do horizonte.
Tão extenso o mar e ele limitado a uma ilha...!
Deixou vir o ano como se fosse um acontecimento banal, mesmo depois das complicações que o tinham abalado no ano velho. Chegava o ano da capicua. O ano que podia ser o cimento que faltava para consolidar a forte vontade de atingir a sua verdade e iniciar uma fuga digna para a frente, onde moravam as concretizações dos sonhos de há muito. Por várias vezes tinha estado no limiar. Por várias vezes desistira.
Mil novecentos e noventa e um. E se os "noves" jogassem entre si e com os uns?
1888. Que raio de contas fez para encontrar aquele resultado que coincidia com data sobejamente conhecida. Não queria ir por ali. Que o Fernando Pessoa o desculpasse [1].
Sentia-se entediado, mas não era o tédio sentido pelo outro. Teve muita sede na véspera, mas foi coisa natural para uma passagem do ano. Agora era outro dia que tinha que encarar com mais sobriedade.
Pensara na magia dos três "oitos", minutos antes do ano acabar. Mas nunca em 1888.
Encolheu os ombros e parou. Afinal já não ia ao miradouro. Era tarde. Tinha que voltar para trás.
Se bem o pensou, assim o fez e voltou ao centro em poucos minutos. Para mal dos seus pecados, cada vez havia mais gente nas ruas. E mais barulho. Os restaurantes estavam à cunha, sinal que dinheiro não faltava. Ou crédito nos cartões.
Depois de vários dias invernosos, o Sol resolvera fazer a sua aparição. A data e o estado do tempo eram também dois fatores favoráveis para o ajuntamento de tanta gente.
O ano começava bem em termos de clima, mas ele saíra com mais intenções para além de apreciar o bom tempo. Não queria só aquecer o corpo ou abrir o apetite para o almoço. Decerto que havia outro motivo.
Mas qual?
Já no norte, perto do café onde teve um encontro imediato do terceiro grau com a mulher de vermelho, o celebérrimo Café do Norte onde viu uma mulher que mais ninguém viu, resolveu deter-se junto à montra duma antiga mercearia, e autêntico bazar onde nada faltara em tempos. Agora o estado de degradação era notório, sinal de um terramoto ocorrido na vida do proprietário (paz à sua alma).
Tudo ficou estranho a partir do momento em que fixou os olhos no chão. Também não foi assaltado por um pensamento repentino. Uma ideia daquelas que não lembrava ao diabo. Nada disso. Apenas observava um maço de cigarros que fora abandonado no chão. Vazio. Apenas isso.
Ganhava tempo para enfrentar o momento em que ia passar em frente ao café?
«Mário, deixa-te parvoíces! Aquela mulher não existiu. Tudo não passou de alucinação…»
SE aquela mulher que vestia de vermelho tinha viajado no tempo?
Continuava parado, olhando para o maço de cigarros, vazio.
Sem saber porquê, aguçou o olhar. Havia um papel entre o maço de cigarros e o plástico que o envolvia. Veio-lhe à cabeça logo a ideia que podia ser uma nota de mil, talvez porque tinha achado uma de vinte em idênticas condições, isto é, também num maço de cigarros.
«Uma nota de mil... Devo estar delirando!» pensou.
O que estavam vendo os seus olhos ainda cansados de uma noite mal dormida, era um simples papel escrito. O maço apresentava-se dobrado e nada, mesmo nada, havia nele de especial, segundo lhe dizia o seu maravilhoso consciente.
«Isso são restos de ontem. Segue o teu caminho, Mário!» sussurrou.
Não obedeceu à sua própria ordem porque o outro que se chamava subconsciente não deixou que seguisse o caminho de regresso a casa. Baixou-se de imediato e começou a desdobrar o maço de cigarros que, por sinal, era da marca “SG”. O pressentimento não o tinha enganado. O que estava a ver não era apenas um papel entre o maço e o plástico envolvente. Um papel escrito. Um papel que, quando dobrado, nada se parecia com uma nota de mil escudos e que... afinal era mesmo!
Que coisa o fez parar em frente à montra para ver um simples maço de cigarros, sem os mesmos?
Ainda por cima já não fumava há muito tempo.
E quem lhe segredou que naquele maço havia uma nota de mil?
Guardou a nota no bolso das calças e continuou a caminhada de regresso à casa da praia, por sinal uma casa muito visitada segundo a vidente Ema dos arrotos cavernosos, uma médium, que igual ou melhor dotada nunca conheceu.
Observou então melhor a nota. Havia uma data e um nome.
3H31M
....... 30/12/90
CLARO
Três horas e trinta e um minutos. Alguém que escreveu na nota deliberadamente e quase de certeza que a atirou logo para o chão. Ou então fumou o último cigarro e deitou fora o maço, esquecendo-se da nota de mil. Uma pessoa que se chamava Claro deitou fora a nota, talvez, quem sabe, para colher mais tarde uma quantia avultada. Muito estranho. Muito estranho mesmo.
Achou curioso. Sobretudo se relacionasse com uma previsão que leu dias antes num jornal de astrologia. A certa altura, depois de uma conversa fiada, dizia a previsão:
«Pagamento inesperado de uma dívida antiga...»
E aqueles sete pontos?, que significado podia dar?
Sete é um número importante na numerologia.
Mas havia mais sinais de dúvida. As palavras tinham sido escritas no reverso da nota numa posição invertida em relação ao pequeno texto escrito na mesma.
Entrou em 1991 com o pé direito?
Nem sequer se lembrava.
Uma dívida de alguém...?
Tudo levava a crer que ia ter um bom ano.
Não entendia porque o Mário, tinha ficado imóvel a olhar fixamente para maço de cigarros. Diziam que ele era um sensitivo e também dotado de qualidades paranormais.
E que soubesse, ele, Luís Figueiredo, não tinha nada dessa porra. Mas continuava a olhar para a caixa de fósforos. Tinha que apanhá-la, porquê? Porque tinha. E porque tinha, ato contínuo, baixou-se.
«Merda!»
Aquilo que era a caixa tinha-se transformado num maço de cigarros SG.
«Deixa-me ver...»
Não tinha cigarros. Nem qualquer uma nota de mil escudos. Nem, tão pouco, era o fim da manhã do primeiro dia do ano de mil novecentos e noventa e um.
Olhou com mais cuidado para a zona do chão onde esteve a caixa de fósforos. Tinha desaparecido para dar lugar a um maço de cigarros. Era de loucos! Qualquer coisa não batia certo.
E onde estava a nota de mil?
Lógico. O Mário levara-a consigo. Por outro lado, não deixara no chão o maço SG. E havia outra coisa. A noite tinha dado lugar ao dia. Pela posição do Sol, já caído no horizonte, pouco faltava para as seis da tarde.
«Vou voltar para trás.»
Estava a contrariar a ideia que o tinha acompanhado antes. Teria ido em frente, não fosse o caso passado com a caixa de fósforos que tinha desaparecido. O instinto levava-o a inverter o sentido da marcha.
Anoiteceu mais rápido que o costume. Ou então foi impressão sua.
Seguia pelo passeio, do lado da marginal mais afastado do mar, de regresso ao centro da cidade, numa caminhada que parecia não ter fim. Até que parou.
«Que estou a ver?»
O que viu na sua frente era uma imagem dos anos sessenta. Imagem? Esfregou os olhos. Aquilo era um sonho, Não podia ser. Estava em frente ao antigo snack-bar da Sacor [2]. A iluminação do interior era difusa. Hesitou.
Entrava?
Dali, junto à vidraça a todo o comprimento, podia ver-se o exterior.
Num instante, o café chegou à mesa.
«Mas eu nunca entrei aqui!» admirou-se.
Era o único cliente do snack-bar. Estranhamente sentia-se bem com o silêncio envolvente.
«Acho que vou jantar aqui. Que pôr-do-sol este!»
Viu o balcão. Os bancos altos, giratórios. O mar, que, lá fora, devia estar calmo como um lago. Havia ainda uma máquina de discos de vinil, esquecida, ao fundo.
Olhou para a cadeira vazia na sua frente.
«Que se passa comigo? Agora parece que já estive aqui.»
«Espera alguém?» perguntou o empregado.
«Talvez.»
Que terá pensado?
«Uma senhora perguntou por si. Chama-se Mário Fonseca, não é?»
«Sim.» Mentiu. Pode pôr a mesa.»
Não sabia porque mentiu. Talvez por ver entrar no momento uma mulher. Devia ser a tal. Mas não podia precipitar-se.
«Chegaste tarde, Mário.»
«Eu sei. Desculpa o atraso.»
Olharam-se como se já estivessem cansados um do outro.
«De que cor são os seus olhos?» pensou.
Azuis, verdes, cinzentos. Da cor do mar. De uma das cores do mar!
«Este dia parece que não tem fim.»
«Também acho.»
Desconhecia o nome da mulher. Arriscou. Nada tinha a perder.
«Patrícia...»
«Sim?»
Que pensamento estranho lhe veio à cabeça!
A Patrícia partiu, sem uma palavra de despedida, ou um bilhete, e ele ia todos os dias ao snack, onde ficava, à espera, em frente à cadeira que teimava em ficar vazia. Como também vazia ficou a sua vida desde que a Manuela desistira de viver. Mas também desistiu dele, embora existisse ainda como uma metáfora na cadeira vazia à sua frente.
Suspeitava que ia ser uma noite longa e de desencanto porque afinal estava só. Sem a Manuela. Sem a Patrícia.
Sabia que viriam outras Patrícias, de olhos da cor do mar, ou talvez castanhos, para se entregarem na cama até ao último desfalecimento. Mas a cadeira vazia estaria sempre ali para lembrar-se.
Foi um tempo interminável para os dois, que passavam grande parte dos dias no snack, frente a frente, vigiando-se, até ao pôr-do-sol, Cada um falando com o silêncio do outro, e seguindo, por vezes, o voo picado da gaivota até à rebentação das ondas.
Um dia, a Patrícia partiu para outra madrugada. Era previsível. Mais tarde ou mais cedo tinha que acontecer porque o ruído do silêncio entre os dois era rei e senhor.
Aquele snack existia mesmo? Com os bancos altos, a chávena de café, a máquina com discos de vinil? A Patrícia...?
Riscou um fósforo na noite. Aspirou uma fumaça do cigarro e expulsou, com força, o fumo. Atravessou a rua até à muralha. O ruído das ondas era mais forte e a noite enchia-se de clarões vacilantes. Os pescadores entregavam-se, mar a dentro, à sua faina pesada.
Havia uma noite inteira à sua frente. Sem a Manuela. Sem a Patrícia. Com ele e os dois fantasmas. Disparate. Ele era o Luís Figueiredo, engenheiro de minas. Solteirão inveterado.
Passava uma semana de férias na Figueira da Foz. Nada tinha a ver com o Mário e o segredo guardado no snack. Só queria saber o que o levara a desempenhar um papel impostor.
Esfregou os olhos, inquieto.
«Que faço aqui?»
Estava deitado na praia, a um metro do muro e não sabia como tinha ido ali parar.
Sacudiu a areia e tentou levantar-se. Doía-lhe a testa do lado direito. Instintivamente apalpou a zona dorida.
«Parece que caí!»
A mão que tinha levado à testa estava húmida. A luz vinda de um candeeiro próximo, do outro lado do muro, trouxe quase a certeza que havia sangue na sua mão. Mas não. Era puro engano. Aquela humidade na testa era só o resultado da maresia.
«E o que é isto?»
Tinha na ideia a certeza que saíra de casa de mãos vazias. Mas aquele livro...
«Deixa-me ver...»
Virou o livro para a luz e franziu o sobrolho.
«Os longos dias azuis. Já li este livro. E os meus dias também nunca foram azuis.»
E atirou o livro para longe.
Levantou-se, saltou o muro e voltou à marginal. E então, logo a seguir, lembrou-se. Por causa da caixa de fósforos com a lixa já gasta e do seu desejo parvo de voltar uma hora atrás no tempo só para fumar a porra de um cigarro, agora punha-se uma dúvida. Se de uma hora que desejara para profanar o passado, saltara até aos anos sessenta para encarnar no tal Mário que lhe tinha contado a estranha história do maço de cigarros e da nota de mim escudos.
«Coisa parva! Mas como foi que caí para o lado da praia?»
Além de fumar um cigarro precisava de beber uma coisa forte e repetir a dose até se esquecer de todo do que lhe tinha acontecido.
«Multiversos?»
Nada disso. Nunca saíra do seu querido universo. E o mais certo era ele próprio ser uma máquina do tempo.
Quanto aos fenómenos, aconteceram só porque desejou voltar atrás por causa da porra da necessidade premente de fumar um cigarro.
ser uma máquina do tempo.
Quanto aos fenómenos, aconteceram só porque desejou voltar atrás por causa da porra da necessidade premente de fumar um cigarro.
[1] Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888...
[2] “Os Longos Dias Azuis”

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