História escrita há quatro anos atrás e que volta a primeiro plano...
A |
Chamando à coação as anomalias que, por sinal, não defini, deixo-as ainda de parte porque quero falar de outras também transversais que têm vindo em crescendo a perturbar a nossa sociedade já muito martirizada recentemente pelo SARS-Cov - 2. O mais estranho de tudo é que têm sido tratadas com luvas, pinças e outras merdas, e aí incluo o pântano em que está atolado o nosso Ministério Público que deixa avançar as ditas anomalias causando uma perplexidade inimaginável, bem como revolta nos cidadãos comuns.
Então, qual é a coisa qual é ela...?
Já todos adivinharam que se trata da corrupção. E esta, por sua vez, não passa sem a companheira designada por "lavagem de dinheiro", uma lavandaria com muitas e diversas ligações que se perdem de vista. Há muitos casos já investigados e também muitos que não conduziram a parte alguma. Enfim, é o país que temos e merecemos ter. Pior, talvez seja a "repúblicas da bananas" e mesmo assim tenho as minhas reservas.
Levando o fenómeno da corrupção para o casino do qual sou utente que cada vez o frequenta menos por razões que estão à vista, recordo o não saudoso tempo em que me lancei em reclamações diversas que acabaram por dar em nada. Fiscais, chefes de sala e inspetores juraram a pés juntos que os jogos nas máquinas eram aleatórios e que não havia as designadas salas de controle. Tudo não passava de teorias da conspiração, sacos onde caíam todas as revoltas silenciosas dos utentes, uma espécie de zombies, cadáveres reanimados com ideias insufladas por agitadores escondidos nas sombras que só queriam provocar o caos. Pobres utentes que faziam as suas queixas no maior do secretismo não fossem chamados a depor e assim revelarem o vício que não os largava. Nesse tempo já se falava à boca cheia de corrupção e conhecia de cor e salteado os beneficiados, embora não tivesse provas diretas para os acusar de ligações a fiscais ou chefes de sala. Os atos de favorecimento eram feitos com alguma discrição, ao contrário do que vem acontecendo agora em que os ditos são feitos à descarada. Entretanto há uma nova ordem entre os utentes queixosos. Parece que estão, aos poucos, a sair do medo de serem descobertos como viciados e os seus protestos começam a ouvir-se mais alto (1). Só não entendo por que motivo os corruptores e os corrompidos agem tão à descarada. Da maneira como estão as coisas dentro em breve tudo vai mudar. A não ser... que haja algo que eu desconheço. Por exemplo, que já se saiba nos bastidores que a sociedade que gere o casino está em risco de perder no fim do ano a concessão. Daí o desespero instalado a nível de alguns funcionários. Daí as máquinas em geral estarem a não corresponder em restituição de prémios ao que está estabelecido na lei. Daí o saque ser agora maior e mais que evidente e os que ganham estarem a ganhar mais e os que perdem estarem a perder mais. Perante o que está a acontecer, quem não está dentro do esquema não intervém. Nem sei porquê. E neste jogo dentro do jogo, segundo as informações recolhidas pelo Mário, constato que apareceram novos jogadores a atacar forte, bem como outros que já eram utentes há mais tempo, e que a maior parte está a ter retorno. Quanto aos que jogam mais baixo têm vindo, salvo raras exceções, a pagar mais uma vez a fatura. Mas atenção para alguns que jogam alto e não fazem parte dos "protegidos". Agora estão a ganhar, mas, de um momento para o outro, a sorte pode virar. Estejam atentos, façam a sua contabilidade e não se deixem viciar. Continuando a jogar alto é o pior que podem fazer. Não pensem que a sorte pode mudar outra vez. O esquema já vem de longe e faz lembrar aquela história do cão de guarda que deixa entrar o ladrão e abocanha-o à saída.
Prevejo um futuro muito negro para o casino se os responsáveis pela gestão não souberem ou não forem capazes de estancar a estruturação caótica provocada pelo "sistema" que controla a manipulação das máquinas porque já a curto prazo vão perder muitos clientes que estão nos limites.
Que saudades tenho dos tempos em que eu e o Raul jogávamos neste casino que nos dava um dia de sorte e outro de azar!
Um desabafo desagradável face à situação que se vive agora no casino, segundo as informações que recolho. Longe vão os tempos em que jogava nas máquinas dos corações dourados e aquela noite em que descobri uma mulher de etnia cigana que jogava em duas das três máquinas dos corações dourados, usando a alavanca como se estivesse a extrair leite de vacas na estrebaria. Gestos, que me escaparam, daquela mulher que vestia de negro e jogava com satisfação porque o jogo corria-lhe bem. Pelo pouco que vi admiti que ela estava a ganhar. Daí talvez jogar em duas máquinas.
Uma noite, joguei na terceira máquina disponível e o resultado não se fez esperar. Perdi e lamentei estar com azar.
«Jogue naquela máquina, senhor [2].»
E indicou a máquina.
«Mas é uma máquina de vinte cêntimos!»
«É preciso acreditar, senhor! Jogue...»
«Perdido por cem...» Pensou.
Joguei e ganhei.
Tal como tinha acontecido a muitos utentes a mulher deixou-se envolver na teia urdida pelos manipuladores e começou a perder uns dias depois. Até que nunca mais voltou.
Foi nessa altura que conheci a Mariana.
Já depois da meia-noite decidi jogar numa máquina do primeiro piso, de nome Fox on the Run. Logo a seguir ao êxito dos quarenta euros tinha jogado numa dessas máquinas e dera-me bem.
No momento, três jovens, um homem e duas mulheres, olhavam com curiosidade para uma das máquinas. Instalei-me e logo se afastaram. Para meu espanto, pouco depois estavam sentados atrás de mim, feitos mirones, mas mantendo a distância. Não foi a presença deles que me irritou. Já não vinha bem do piso de cima por causa de uma máquina que achei estar a ser manipulada.
«Teoria da conspiração.» Teria dito o Raul.
Aproveitei para expor o meu ponto de vista acerca da manipulação programática de todas as máquinas. Estavam organizadas por temas, formando os tais blocos em que tenho vindo a insistir.
A conversa tomou um rumo tão interessante que até me desinteressei do jogo e tentei estudar as pessoas com quem falava. Uma das mulheres, com olhos escuros e cabelo curto, mostrava-se menos do que a outra. Curiosamente não me era estranha. A outra, mais próxima de mim, de olhos esverdeados, melosos, era tão simpática quanto curiosa de saber coisas sobre o jogo.
Estabelecemos desde logo uma química de comunicação fora do comum.
Vou dar nomes aos três intervenientes nesta história [3]. A mulher dos olhos melosos, serena, envolvente e incisiva pode chamar-se Mariana. Quanto à companheira dos olhos escuros, que parecia esconder-se de mim, dou-lhe o nome de Carla. E ele, Francisco.
«Já estudou o algoritmo da máquina?» perguntou a Mariana.
Seriam os processos de cálculo? As operações lógicas?
Insistiu.
«Cada máquina tem um algoritmo.»
Seria mais favorável o jogo numa máquina a dezassete linhas? E o dia seguinte? Talvez sim, talvez não. Além disso, devia haver toda uma sequência de acontecimentos que poderiam ser alterados por muitos if... else... then e muitas mais complicações lógicas que "atacavam" situações fora do comum, como apostas fortes, alterações bruscas de valores de créditos apostados, abandonos provocados por prémios (altos ou baixos), entrada dum ticket doutra máquina, uma nota de quinhentos euros introduzida, etc, etc...
«E a roda da sorte?» perguntou a Mariana.
«É uma grande aldrabice. Os prémios não compensam o investimento. Para haver hipótese de acesso à roda é preciso investir continuamente oitenta créditos. E se calha o prémio de trezentos créditos, o mais baixo?»
«Pois é.»
«E qual é para si o melhor jogo?»
«Depende...»
«Depende de quê?»
Senti um brilho novo nos olhos da Mariana.
«Prometo que vou deixar um comentário no blogue.» Disse. «Vocês gostam sempre que se escreva...»
A Mariana prometeu. E também o certo é que promessas levava-as o vento.
«Esta história com vocês vai aparecer.» Prometi.
Pareceu entusiasmada.
«Escreva, escreva.»
"Escreve, escreve, António Ildefonso."
O jovem do fato castanho perguntou:
«Porquê tantos blogues?»
«Uns já acabaram e outros começaram.» Tentei esclarecer.
Entretanto a Carla continuava a mostrar-se discreta.
Esgotou-se a conversa e despedimo-nos. A Mariana reforçou a promessa de deixar o tal comentário.
Fui para a esquerda e eles para a direita. Raciocinei rápido. Aí encontrámo-nos de novo.
Mas onde eram as máquinas do leilão?
«São estas.» Informou a Carla.
Só podia ser aquele grupo de seis máquinas.
«Foi nesta que joguei.» Disse o Francisco, apontando para a máquina do meio.
«Tens cinco euros que me emprestes?» perguntou o Francisco à Mariana.
Procurou na carteira algo que não encontrou. Pelos gestos lentos pareceu-me que procurava de verdade, mas a expressão do rosto dizia o contrário.
«Está bem, abelha...» Deve ter pensado.
Já sabia o que a casa gastava. Ou então, como jogadores compulsivos que me pareceram ser, tinham jogado até à última nota.
Despedi-me mais uma vez.
«Então até à vista...»O olhar fixou-se na Mariana. Foi a última imagem de um filme mal contado, já que, desde o princípio, qualquer coisa não funcionava bem.
Encolhi os ombros e subi as escadas rolantes.
Sabia muito bem que as histórias sem continuidade chegavam quase sempre a um beco sem saída. E esta história da Mariana dos olhos melosos não tinha pernas para andar.
«Vocês gostam sempre que se escreva...»
Dinheiro deitado à rua. Sonhos adiados. Noites mal dormidas. Quase tudo por uma nova história.Mib Men in Black... mais uma máquina para testar.
«Qual é o teu algoritmo?»
A resposta veio quase de seguida. Joguei, perdi e não descobri qual era o algoritmo da máquina...
A partir daquela noite comecei a pensar com frequência na Mariana. Aquela mulher de olhos melosos tinha qualquer coisa em si que me atraía. Infelizmente não voltara a vê-la no casino.
Tinha prometido deixar um comentário no blogue e até à data não o tinha feito. Longe da vista, longe do cumprimento das promessas. Os dias iam passando e continuava sem a ver.
Nesses tempos a gestão das máquinas, mais próxima do cumprimento da lei, permitia que Mário frequentasse com mais frequência o casino e começasse a descobrir alguns podres entre os jogadores. Não entendia porque uns perdiam muito mais do que outros. Por exemplo, um utente que jogava baixo, que alcunhei de Palrador era um dos grandes beneficiados. Não era lógico e comecei a investigar. Foi então que um passarinho disse-lhe ao ouvido que havia uma forte amizade entre ele e um certo chefe de sala que já vinha do tempo do Casino Estoril.
«Então é isso?»
A dúvida ficou estacionária a partir de uma certa noite quando me dirigia para as Star Wars e encontrei-me frontalmente com a Mariana que acabava de levantar dinheiro numa ATM perto do bloco de máquinas do Zorro. Quem estivesse a observar-nos talvez tivesse notado algo diferente nas expressões dos nossos olhares. Ou então equivoquei-se, o que era mais natural dada a diferença de idades. Talvez houvesse uma atração mútua e nada mais.
Apanhados de surpresa, apenas trocámos meia dúzia de frases banais.
Tinha sido tudo muito rápido, pois o encontro foi interrompido por causa de um grupo de mulheres que vinham a descer as escadas rolantes que ligavam o segundo piso com o primeiro.
«São as minhas amigas. Tenho que ir. Gostei do que li no blogue. Não me esqueci ainda de deixar o comentário...»
«Quando...?»
Aquela pergunta não tinha jeito. O que mais me interessava era saber quando ela voltava ao casino, como se chamava e se podia deixar o número do telemóvel. Nada disso aconteceu.
A propósito do jogo aleatório nas máquinas que fiscais, chefes de sala e inspetores tanto defendiam, uma noite aconteceu algo que me deixou a pensar. Jogava nas máquinas dos cifrões que, na altura, se localizavam para os lados do bar numa orientação quase paralela. Jogava e estava a perder cerca de duzentos euros. Contra o que era costume nela, face à realidade já devia ter abandonado a máquina. Mas não. Teimava. Ela tinha que abrir ao bónus. Entretanto, um fiscal seu conhecido tinha-se aproximado de mim. Assustei-me, pois mal dei conta da sua presença.
«Senhor Mário, como vai o jogo?»
Olhou frontalmente para mim.
«Mal.»
Não precisava de dizer mais que uma palavra para definir como ia o jogo.
O outro também foi pródigo nas palavras.
«Então, boa sorte.»
E afastou-se. Não decorreu um minuto para a sorte mudar. Recuperei os duzentos euros e ainda fiquei com cerca de cinquenta euros de lucro.
«E esta?»
Carreguei logo num botão situado do lado esquerdo e saquei o ticket.
«Vá lá entender!»
A Mariana prometeu. E também o certo é que promessas levava-as o vento.
«Esta história com vocês vai aparecer.» Prometi.
Pareceu entusiasmada.
«Escreva, escreva.»
"Escreve, escreve, António Ildefonso."
O jovem do fato castanho perguntou:
«Porquê tantos blogues?»
«Uns já acabaram e outros começaram.» Tentei esclarecer.
Entretanto a Carla continuava a mostrar-se discreta.
Esgotou-se a conversa e despedimo-nos. A Mariana reforçou a promessa de deixar o tal comentário.
Fui para a esquerda e eles para a direita. Raciocinei rápido. Aí encontrámo-nos de novo.
Mas onde eram as máquinas do leilão?
«São estas.» Informou a Carla.
Só podia ser aquele grupo de seis máquinas.
«Foi nesta que joguei.» Disse o Francisco, apontando para a máquina do meio.
«Tens cinco euros que me emprestes?» perguntou o Francisco à Mariana.
Procurou na carteira algo que não encontrou. Pelos gestos lentos pareceu-me que procurava de verdade, mas a expressão do rosto dizia o contrário.
«Está bem, abelha...» Deve ter pensado.
Já sabia o que a casa gastava. Ou então, como jogadores compulsivos que me pareceram ser, tinham jogado até à última nota.
Despedi-me mais uma vez.
«Então até à vista...»O olhar fixou-se na Mariana. Foi a última imagem de um filme mal contado, já que, desde o princípio, qualquer coisa não funcionava bem.
Encolhi os ombros e subi as escadas rolantes.
Sabia muito bem que as histórias sem continuidade chegavam quase sempre a um beco sem saída. E esta história da Mariana dos olhos melosos não tinha pernas para andar.
«Vocês gostam sempre que se escreva...»
Dinheiro deitado à rua. Sonhos adiados. Noites mal dormidas. Quase tudo por uma nova história.Mib Men in Black... mais uma máquina para testar.
«Qual é o teu algoritmo?»
A resposta veio quase de seguida. Joguei, perdi e não descobri qual era o algoritmo da máquina...
A partir daquela noite comecei a pensar com frequência na Mariana. Aquela mulher de olhos melosos tinha qualquer coisa em si que me atraía. Infelizmente não voltara a vê-la no casino.
Tinha prometido deixar um comentário no blogue e até à data não o tinha feito. Longe da vista, longe do cumprimento das promessas. Os dias iam passando e continuava sem a ver.
Nesses tempos a gestão das máquinas, mais próxima do cumprimento da lei, permitia que Mário frequentasse com mais frequência o casino e começasse a descobrir alguns podres entre os jogadores. Não entendia porque uns perdiam muito mais do que outros. Por exemplo, um utente que jogava baixo, que alcunhei de Palrador era um dos grandes beneficiados. Não era lógico e comecei a investigar. Foi então que um passarinho disse-lhe ao ouvido que havia uma forte amizade entre ele e um certo chefe de sala que já vinha do tempo do Casino Estoril.
«Então é isso?»
A dúvida ficou estacionária a partir de uma certa noite quando me dirigia para as Star Wars e encontrei-me frontalmente com a Mariana que acabava de levantar dinheiro numa ATM perto do bloco de máquinas do Zorro. Quem estivesse a observar-nos talvez tivesse notado algo diferente nas expressões dos nossos olhares. Ou então equivoquei-se, o que era mais natural dada a diferença de idades. Talvez houvesse uma atração mútua e nada mais.
Apanhados de surpresa, apenas trocámos meia dúzia de frases banais.
Tinha sido tudo muito rápido, pois o encontro foi interrompido por causa de um grupo de mulheres que vinham a descer as escadas rolantes que ligavam o segundo piso com o primeiro.
«São as minhas amigas. Tenho que ir. Gostei do que li no blogue. Não me esqueci ainda de deixar o comentário...»
«Quando...?»
Aquela pergunta não tinha jeito. O que mais me interessava era saber quando ela voltava ao casino, como se chamava e se podia deixar o número do telemóvel. Nada disso aconteceu.
A propósito do jogo aleatório nas máquinas que fiscais, chefes de sala e inspetores tanto defendiam, uma noite aconteceu algo que me deixou a pensar. Jogava nas máquinas dos cifrões que, na altura, se localizavam para os lados do bar numa orientação quase paralela. Jogava e estava a perder cerca de duzentos euros. Contra o que era costume nela, face à realidade já devia ter abandonado a máquina. Mas não. Teimava. Ela tinha que abrir ao bónus. Entretanto, um fiscal seu conhecido tinha-se aproximado de mim. Assustei-me, pois mal dei conta da sua presença.
«Senhor Mário, como vai o jogo?»
Olhou frontalmente para mim.
«Mal.»
Não precisava de dizer mais que uma palavra para definir como ia o jogo.
O outro também foi pródigo nas palavras.
«Então, boa sorte.»
E afastou-se. Não decorreu um minuto para a sorte mudar. Recuperei os duzentos euros e ainda fiquei com cerca de cinquenta euros de lucro.
«E esta?»
Carreguei logo num botão situado do lado esquerdo e saquei o ticket.
«Vá lá entender!»
Mas entendia. Só podia ser interferência do meu amigo fiscal.
Voltando à Mariana, nunca mais a vi no casino. Entretanto o fio do tempo trouxe-me novos acontecimentos que me fizeram esquecer daquela jovem que me tinha informado que cada máquina tinha o seu algoritmo.
Só seis meses depois é que descobri por acaso que a jovem Mariana finalmente deixara o seu comentário na mensagem "A "Entrevista". Um comentário muito favorável para que terminava com a frase:
«Entretanto vou passando por aqui...»
Tentei responder ao comentário para agradecer, mas não consegui enviá-lo porque aquele comentário não aceitava resposta.
Ainda hoje penso na Mariana. Acredito que ela continua a frequentar o casino, mas nunca a irei descobrir porque já me esqueci do seu rosto. Coisa estranha! Eu, que me considero um bom fisionomista...
Quanto aos olhos melosos, quantos não há por ali?
O que mais desejo é que ela seja feliz e será muito bom sinal ter deixado de "passar por aqui", um local nada agradável, cinzento a aproximar-se do negro nos tempos que vão correndo e onde, segundo o que me disse uma vez em resposta um chefe de sala a seguir à minha acusação da existência de corrupção no casino:
Voltando à Mariana, nunca mais a vi no casino. Entretanto o fio do tempo trouxe-me novos acontecimentos que me fizeram esquecer daquela jovem que me tinha informado que cada máquina tinha o seu algoritmo.
Só seis meses depois é que descobri por acaso que a jovem Mariana finalmente deixara o seu comentário na mensagem "A "Entrevista". Um comentário muito favorável para que terminava com a frase:
«Entretanto vou passando por aqui...»
Tentei responder ao comentário para agradecer, mas não consegui enviá-lo porque aquele comentário não aceitava resposta.
Ainda hoje penso na Mariana. Acredito que ela continua a frequentar o casino, mas nunca a irei descobrir porque já me esqueci do seu rosto. Coisa estranha! Eu, que me considero um bom fisionomista...
Quanto aos olhos melosos, quantos não há por ali?
O que mais desejo é que ela seja feliz e será muito bom sinal ter deixado de "passar por aqui", um local nada agradável, cinzento a aproximar-se do negro nos tempos que vão correndo e onde, segundo o que me disse uma vez em resposta um chefe de sala a seguir à minha acusação da existência de corrupção no casino:
«Tenho confiança nos seus funcionários.»
Eu também "continuo a passar por aqui", embora cada vez com menos frequência, à espera de um milagre. Mas tudo continua como dantes.
Eu também "continuo a passar por aqui", embora cada vez com menos frequência, à espera de um milagre. Mas tudo continua como dantes.
[1] Bem me enganei (observação na hora)

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