Q |
uedou-se à porta do café. Acabava de constatar o ambiente nebuloso que aumentava para o fundo da sala retangular, mais comprida que larga.
«Coisa estranha.» Pensou.Desconfiado, inspirou profundamente e teve uma reação imediata de desagrado.
«É incrível!» exclamou. «Por que motivo se fuma neste café?»
Não havia qualquer sistema de renovação de ar. O melhor que tinha a fazer era chamar um empregado e pedir o livro de reclamações. Se assim pensou, melhor fez:
«Faz favor...»
No momento um empregado passava próximo, mas não reagiu ao seu chamamento.
Encolheu os ombros. Já sabia como funcionavam as queixas nos livros de reclamações. Tinha experiência dessas coisas.
«Não te sentes bem aqui?»
Pareceu-lhe que os olhos de uma mulher se fixavam, angustiados, nos seus. Daí a pergunta que quis fazer e não fez. No fim de contas acabava de a ver e não a conhecia. Mas logo tinha que ser uma mulher de olhos claros!
Entrava ou não entrava no café?
Um passo em frente. Dois. Três. No máximo.
«De onde a conheço?»
Truque demasiado vulgar para ter êxito. Não pegava. O melhor era abordar a mulher com a maior das naturalidades, fingindo que a conhecia.
Abanou a cabeça. Alvitrou um nome:
«Amélia?»
«Sim?»
«Vamos lá para fora respirar como mandam as regras, Amélia dos olhos doces...» «Sim, pode ser.»
«Não me chamo Amélia.»
Arroz queimado. Poluição em excesso provocada pelo ambiente pesado que se respirava no interior do café. Mentira. Sentia-se bem. Só estava à porta. Lá dentro, sim. Outro galo cantaria. Era poluição até vir a mulher da fava rica.
Tinha que desenvolver outra estratégia para travar diálogo com aquela mulher atraente que não tirava os olhos dele. Oportunidades daquelas não havia muitas. Ai não havia, não!
«Oh! Levantou-se e vem na minha direção.»
Afinal ela tinha facilitado as coisas e ele foi um parvo em não aproveitar logo. Facilitaria tudo. Mas a sua timidez dava no que dava...
«Mário, que fazes aí especado?»
«Não me chamo Amélia.»
Arroz queimado. Poluição em excesso provocada pelo ambiente pesado que se respirava no interior do café. Mentira. Sentia-se bem. Só estava à porta. Lá dentro, sim. Outro galo cantaria. Era poluição até vir a mulher da fava rica.
Tinha que desenvolver outra estratégia para travar diálogo com aquela mulher atraente que não tirava os olhos dele. Oportunidades daquelas não havia muitas. Ai não havia, não!
«Oh! Levantou-se e vem na minha direção.»
Afinal ela tinha facilitado as coisas e ele foi um parvo em não aproveitar logo. Facilitaria tudo. Mas a sua timidez dava no que dava...
«Mário, que fazes aí especado?»
«Mário sou eu.» Pensou.
E sentiu logo a subida da pulsação. Era urgente atacar.
«Decide-te, criatura de Deus. Ou entras, ou sais.»
Já não sabia o que fazer. Segundos antes queria entrar e ir ao seu encontro. Agora...
«És teimoso. Então, vamos sair os dois. Pronto, venceste.»
«Sim...»
Foi só que conseguiu dizer porque viu-a avançar na sua direção e atravessá-lo literalmente sem que ambos sofressem a mínima beliscadura.
«Essa agora! Isto é de doidos...»
Então, virou-se para trás. Era para outro homem que a dona dos olhos claro falava. E pior ainda. Viu-os darem as mãos e afastar-se.
«Mas...»
«Sai daí, imbecil!»
O empregado que o ignorara antes empurrou-o com tanta força que o fez estatelar-se no empedrado do passeio.
«Grande besta!»
Não disse, mas pensou. Era mais seguro.
«O que havia de sair-me na rifa! Estes bêbados desgraçados...»
«O que havia de sair-me na rifa! Estes bêbados desgraçados...»

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