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uase fim do inverno. As andorinhas ainda não voltaram, talvez ludibriadas pelas temperaturas baixas e pelas chuvadas torrenciais que não têm dado tréguas. Não me lembro de ocorrência parecida nos últimos quarenta anos.
Quando jogava o berlinde com o Armando Slimpas, fora das vistas do famigerado Orelhudo (1), e interrompíamos forçosamente o jogo, por razões óbvias, até ao dia seguinte, ou então quando fazia os trabalhos de casa iluminado pela luz vacilante do candeeiro a petróleo dado que a luz elétrica falhava com frequência nessa época de chuvadas impiedosas, desse tempo em que era rapaz não podia fazer grandes juízos de valor senão confirmar que chovia quase sempre a bom chover e que as estações do ano estavam bem marcadas.
Contra toda a lógica, o Sol continua a ser barrado por tanto cinzento nebuloso a cobrir a atmosfera e até parece que o tempo fez um pacto com o meu estado de alma. Definitivamente será assim até ao fim de fevereiro. E tudo isto em contraciclo com a outra quase certa evidência. O clima em mudança. O aquecimento global. O efeito de estufa. A subida das águas dos mares. Isso e muitas mais coisas.
Agora, março adentro, o Sol parece menos envergonhado, mas ainda está longe de ganhar a batalha. As previsões da meteorologia apontam para mais do mesmo, pelo menos durante os primeiros dez dias do mês. Chuva na terra e neblina na alma. Sim. A alma também continua cinzenta.
Também chove dentro de ti, Mário!Contra toda a lógica, o Sol continua a ser barrado por tanto cinzento nebuloso a cobrir a atmosfera e até parece que o tempo fez um pacto com o meu estado de alma. Definitivamente será assim até ao fim de fevereiro. E tudo isto em contraciclo com a outra quase certa evidência. O clima em mudança. O aquecimento global. O efeito de estufa. A subida das águas dos mares. Isso e muitas mais coisas.
Agora, março adentro, o Sol parece menos envergonhado, mas ainda está longe de ganhar a batalha. As previsões da meteorologia apontam para mais do mesmo, pelo menos durante os primeiros dez dias do mês. Chuva na terra e neblina na alma. Sim. A alma também continua cinzenta.
Tanta chuva! Não há volta a dar a tanta chuva.
Felizmente que não sofro de reumatismo, o que seria muito grave porque a humidade dentro de casa tem rondado os noventa por cento. Quer chova ou não durante a noite, as vidraças do avançado aparecem de manhã sempre cobertas de gotículas de água irritantes que não deixam ver para o exterior o que quer que seja. Manhãs cinzentas. Longas manhãs cinzentas. Nada a fazer quando a alma fica opaca. Nada a fazer senão deixar que a chuva pare. É só uma questão de tempo até que o vento mude e empurre as nuvens para longe.
Nem tanto. Não passa de uma metáfora mal conseguida.
Mas voltando ao tempo, é verdade que houve tempos em que os invernos eram rigorosos, mas havia também a primavera amena de renascimento e esperança, depois o calor do verão e as inevitáveis paixões escaldantes passageiras. À noite as pessoas passeavam na avenida, vestindo camisas e blusas de manga curta. E eu não era exceção. Jovem, de sangue na guelra, pouco me importava se arrefecia um pouco mais. A esperança aquecia-me a alma e qualquer desamor que enfrentasse era nuvem passageira. Tinha muitos dias à frente para voltar a repetir os mesmos erros ou para seguir na minha estrada à procura de momentos mais auspiciosos. O próprio correr do tempo ajudava a sarar as feridas e a preparar-me para mais desaires.
Por analogia lembro-me dos meus longos dias azuis. Desconhecia o motivo porque os considerara azuis e, ainda por cima, longos. Essa história que contei tinha a ver com tudo menos com o azul. Foi mesmo um tempo muito cinzento.
Então porquê?
Só havia uma explicação. A história foi-se desenvolvendo ao longo de um janeiro muito azul, anormalmente quente e seco e também sem vento. Ocorreu quando estava a cumprir o serviço militar e relacionou-se com um caso anormal (talvez fosse uma fenda no tempo) que nada teve a ver com a minha santa tropa que tive em plena guerra colonial. E se nada teve de real, talvez a explicação se encontrasse ligada ao estado de espírito marcado pela decisão mais estúpida que tomei na sua vida. Mas isso são águas passadas. De qualquer forma, a Manuela suicidou-se e a Patrícia dos olhos claros, que nunca existiu, cansou-se de olhar para mim como alguém que lhe poderia dar um futuro estável, pelo menos uma viagem num lago de águas mansas. Como consequência também suicidei o próprio futuro azul e promissor e hoje tenho apenas rastos da passagem de muitas Patrícias. Talvez me canse um dia. Mas isso é outra história que o meu amigo imaginário, de nome Ernesto, não se cansa de pedir para contar. Talvez um dia, quando a história fizer história. Ou talvez nunca. O mais certo é ser nunca.
O que interessa no momento é falar do clima. Dos dias cinzentos. Do frio e da chuva intensa, dois dados importantes para bloquearem o instinto das andorinhas que voltam todos os anos ao mesmo beiral.
Há uma alteração drástica no clima. Estão aí o aquecimento global, o recuo constante dos glaciares, a subida implacável dos mares, o aumento da frequência dos ciclones de nível quatro e cinco, a concentração do dióxido de carbono emitido pela combustão do carvão e do petróleo, para não falar do ozono enfraquecido, do metano e óxido nítrico, e ainda de mais suspeitos.
Repetindo, em fevereiro choveu e fez muito frio. As andorinhas não voltaram ainda e a minha alma sangrou de novo ao ver tanto cinzento à volta.
O mês de março também não trouxe sinais positivos. De novo chuva, cinzento e um horizonte cada vez mais apertado. E também as inevitáveis recordações dos tempos de infância em que fui feliz ou antevi a felicidade a passar muito perto, mais que à distância de estender o braço.
Acabámos de jantar já depois das nove. A noite estava agradável para fazer a minha primeira exploração pela cidade.
Ficou combinado que íamos até ao Rossio. Saímos todos ao mesmo tempo, mas resolvi logo apressar o passo, não sem antes combinarmos que às onze, o mais tardar roçando as onze e meia, nos encontrávamos na esplanada do Facha.
«Não te afastes ainda, Mário, sem saberes onde é o local do encontro.»
«No Facha, tia. Eu depois pergunto onde fica.»
Chegado ao Rossio, parei por momentos para apreciar o enorme plátano, o cartão de visita da cidade. Era na verdade grandioso. Depois, fui subindo para onde vi as pessoas encaminharem-se. O célebre Passeio de que muitas vezes o Justino me falou.
«Chama-se Passeio porque as pessoas costumam passear ali.»
A meio, do lado direito, vi uma esplanada literalmente cheia de clientes que se dessedentavam e cavaqueavam animadamente. Observei o conteúdo das mesas e vi garrafas de pirolitos, cervejas, gasosas, laranjadas. Poucos tomavam café. Observei com mais pormenor e vi ainda pratos com bolos e outros com tremoços e amendoins (alcagoitas, no Alentejo). Para mim, o único líquido capaz de matar a sede era a água. Cerveja não bebia ainda. Mas não tardaria a acontecer.
Havia também um plátano no centro da esplanada, de dimensões mais modestas que outro. De dia devia ser um bem precioso para bloquear a passagem dos raios solares que tanto agrediam a pele das pessoas nos dias soalheiros e quentes alentejanos.
E um capilé fresquinho? Muito obrigado pela sugestão, Mário. Contudo tu estás a ser "amigo da onça".
Por motivos óbvios pensaria nisso nos próximos dias se gerisse bem o capital disponível que, em boa verdade, não era muito. Até porque se aproximavam os dias de feira com os tradicionais carrosséis, pistas de carrinhos de choques e de corridas, poço da morte, robertos, não podendo esquecer as guloseimas como o torrão que quase estoirava com os dentes e as farturas bem embebidas em óleo refervido e cobertas de açúcar loiro que eram de comer e chorar por mais. O pior vinha depois. As malditas dores de barriga.
Era muita coisa para pouco dinheiro.
Quanto ao inevitável poço da morte, gostava muito das exibições dos profissionais das motos desafiando o equilíbrio sobre os cilindros rolantes. Mas arrepiante, arrepiante era tudo o que se passava no interior do poço, rotulado com muito realismo de poço da morte.
Que estava a fazer parado em frente à esplanada já que tinha decidido não fazer a mínima despesa?
Continuei Passeio acima, ainda com as imagens de tudo o que vira na esplanada e a antevisão da feira das cebolas que estava para breve, dando conta que a iluminação era ótima e assim podia apreciar bem as pessoas que passeavam para baixo no momento em que subia, especialmente, claro, as raparigas. À medida que subia e a cascata ficava mais próxima, o ajuntamento de pessoas crescia, formando pequenas bolsas de obstrução a quem queria deslocar-se, pois conversavam animadamente em grupo e não deixavam a mínima margem de manobra. A culpa era da noite que estava morna.
Comecei a ficar farto de impasses e choques e mudei de estratégia. Ia procurar um lugar sentado nos muitos bancos que via, dispostos em espinha. Assim, olhei em volta. Ingenuidade a minha. Não vi um único lugar disponível. Mas vi outra coisa bem mais agradável quando descobri, num dos muitos bancos existentes e ocupados pelas pessoas, um rosto que logo me hipnotizou. Fixei-a e soltaram-se as feromonas.
Era ela!
Mas ela quem?
Nunca a tinha visto nesta encarnação.
Como sabia que era a desejada?
Simples pressentimento. Não sei explicar.
A jovem levantou-se do banco e esperou pelas outras pessoas. O seu olhar alinhou-se com o meu. Sim. A expressão dos olhos, muito triste, impressionou-me e a primeira ideia que tive é que era muito infeliz. Depois, parecia mergulhada no passado porque o seu olhar estendia-se sem horizonte. O que mais me chocava era o seu ar de circunstância, à espera dos outros e sem sequer descobrir que estava a ser observada.
Olhos, tristes, muito tristes, belos como nunca tinha visto!
Só depois dei conta que era muito jovem. Admiti que não devia ter mais que treze anos. E eu tinha quinze.
Disparate o meu quando pensei que aquela jovem parecia mergulhada no passado. Estava presente na minha frente. Bem viva.
Observei-a com mais detalhe. Era bonita, de rosto alongado, traços finos. Cabelo comprido, apanhado numa única trança.
Hipnotizado por aquele momento único, continuei a minha observação. Assim, olhei para o vestido. Era branco e com a baínha um pouco abaixo do joelho. O peito estava ainda em embrião.
Tanta tristeza, porquê?
Dorme, dorme... que ela também já está a dormir e deixa-te de ilusões que não vai sonhar contigo, pela simples razão de que nem sequer deu pela tua presença hoje à noite, meu grande paspalhão. Toca mas é a dormir! Amanhã é outro dia e, se calhar, vais logo esquecer o "grande amor da tua vida".
Quantos outros grandes amores terás na tua vida, meu pinga-amor?
Serás sempre o eterno romântico! Sonhos cor-de-rosa, Mário (2).
Será que ela nunca chegou a partir?
Houve tempos em que senti a sua presença, em que a vi nos olhos de outra mulher. Tempos conturbados em que estive no limiar da realidade, em que talvez tenha sido o "fictício" de quem ela falou. Nem quero pensar que estava de pés levantados, pronto a partir para o espaço imaginário. Foram tempos complicados. Tempos que, felizmente (ou infelizmente?) já passaram, sim. Tudo passou. O tempo de ontem. O segundo de hoje. Tudo. Tudo... mas ela ficou.
Mais uma vez:
Porquê?
Conheci-a há muitos anos. Em setembro. É incrível como o tempo que foi ontem ainda está presente, como um vírus que se duplica em cada dia que passa.
Só havia uma explicação. A história foi-se desenvolvendo ao longo de um janeiro muito azul, anormalmente quente e seco e também sem vento. Ocorreu quando estava a cumprir o serviço militar e relacionou-se com um caso anormal (talvez fosse uma fenda no tempo) que nada teve a ver com a minha santa tropa que tive em plena guerra colonial. E se nada teve de real, talvez a explicação se encontrasse ligada ao estado de espírito marcado pela decisão mais estúpida que tomei na sua vida. Mas isso são águas passadas. De qualquer forma, a Manuela suicidou-se e a Patrícia dos olhos claros, que nunca existiu, cansou-se de olhar para mim como alguém que lhe poderia dar um futuro estável, pelo menos uma viagem num lago de águas mansas. Como consequência também suicidei o próprio futuro azul e promissor e hoje tenho apenas rastos da passagem de muitas Patrícias. Talvez me canse um dia. Mas isso é outra história que o meu amigo imaginário, de nome Ernesto, não se cansa de pedir para contar. Talvez um dia, quando a história fizer história. Ou talvez nunca. O mais certo é ser nunca.
O que interessa no momento é falar do clima. Dos dias cinzentos. Do frio e da chuva intensa, dois dados importantes para bloquearem o instinto das andorinhas que voltam todos os anos ao mesmo beiral.
Há uma alteração drástica no clima. Estão aí o aquecimento global, o recuo constante dos glaciares, a subida implacável dos mares, o aumento da frequência dos ciclones de nível quatro e cinco, a concentração do dióxido de carbono emitido pela combustão do carvão e do petróleo, para não falar do ozono enfraquecido, do metano e óxido nítrico, e ainda de mais suspeitos.
Repetindo, em fevereiro choveu e fez muito frio. As andorinhas não voltaram ainda e a minha alma sangrou de novo ao ver tanto cinzento à volta.
O mês de março também não trouxe sinais positivos. De novo chuva, cinzento e um horizonte cada vez mais apertado. E também as inevitáveis recordações dos tempos de infância em que fui feliz ou antevi a felicidade a passar muito perto, mais que à distância de estender o braço.
Acabámos de jantar já depois das nove. A noite estava agradável para fazer a minha primeira exploração pela cidade.
Ficou combinado que íamos até ao Rossio. Saímos todos ao mesmo tempo, mas resolvi logo apressar o passo, não sem antes combinarmos que às onze, o mais tardar roçando as onze e meia, nos encontrávamos na esplanada do Facha.
«Não te afastes ainda, Mário, sem saberes onde é o local do encontro.»
«No Facha, tia. Eu depois pergunto onde fica.»
Chegado ao Rossio, parei por momentos para apreciar o enorme plátano, o cartão de visita da cidade. Era na verdade grandioso. Depois, fui subindo para onde vi as pessoas encaminharem-se. O célebre Passeio de que muitas vezes o Justino me falou.
«Chama-se Passeio porque as pessoas costumam passear ali.»
A meio, do lado direito, vi uma esplanada literalmente cheia de clientes que se dessedentavam e cavaqueavam animadamente. Observei o conteúdo das mesas e vi garrafas de pirolitos, cervejas, gasosas, laranjadas. Poucos tomavam café. Observei com mais pormenor e vi ainda pratos com bolos e outros com tremoços e amendoins (alcagoitas, no Alentejo). Para mim, o único líquido capaz de matar a sede era a água. Cerveja não bebia ainda. Mas não tardaria a acontecer.
Havia também um plátano no centro da esplanada, de dimensões mais modestas que outro. De dia devia ser um bem precioso para bloquear a passagem dos raios solares que tanto agrediam a pele das pessoas nos dias soalheiros e quentes alentejanos.
E um capilé fresquinho? Muito obrigado pela sugestão, Mário. Contudo tu estás a ser "amigo da onça".
Por motivos óbvios pensaria nisso nos próximos dias se gerisse bem o capital disponível que, em boa verdade, não era muito. Até porque se aproximavam os dias de feira com os tradicionais carrosséis, pistas de carrinhos de choques e de corridas, poço da morte, robertos, não podendo esquecer as guloseimas como o torrão que quase estoirava com os dentes e as farturas bem embebidas em óleo refervido e cobertas de açúcar loiro que eram de comer e chorar por mais. O pior vinha depois. As malditas dores de barriga.
Era muita coisa para pouco dinheiro.
Quanto ao inevitável poço da morte, gostava muito das exibições dos profissionais das motos desafiando o equilíbrio sobre os cilindros rolantes. Mas arrepiante, arrepiante era tudo o que se passava no interior do poço, rotulado com muito realismo de poço da morte.
Que estava a fazer parado em frente à esplanada já que tinha decidido não fazer a mínima despesa?
Continuei Passeio acima, ainda com as imagens de tudo o que vira na esplanada e a antevisão da feira das cebolas que estava para breve, dando conta que a iluminação era ótima e assim podia apreciar bem as pessoas que passeavam para baixo no momento em que subia, especialmente, claro, as raparigas. À medida que subia e a cascata ficava mais próxima, o ajuntamento de pessoas crescia, formando pequenas bolsas de obstrução a quem queria deslocar-se, pois conversavam animadamente em grupo e não deixavam a mínima margem de manobra. A culpa era da noite que estava morna.
Comecei a ficar farto de impasses e choques e mudei de estratégia. Ia procurar um lugar sentado nos muitos bancos que via, dispostos em espinha. Assim, olhei em volta. Ingenuidade a minha. Não vi um único lugar disponível. Mas vi outra coisa bem mais agradável quando descobri, num dos muitos bancos existentes e ocupados pelas pessoas, um rosto que logo me hipnotizou. Fixei-a e soltaram-se as feromonas.
Era ela!
Mas ela quem?
Nunca a tinha visto nesta encarnação.
Como sabia que era a desejada?
Simples pressentimento. Não sei explicar.
A jovem levantou-se do banco e esperou pelas outras pessoas. O seu olhar alinhou-se com o meu. Sim. A expressão dos olhos, muito triste, impressionou-me e a primeira ideia que tive é que era muito infeliz. Depois, parecia mergulhada no passado porque o seu olhar estendia-se sem horizonte. O que mais me chocava era o seu ar de circunstância, à espera dos outros e sem sequer descobrir que estava a ser observada.
Olhos, tristes, muito tristes, belos como nunca tinha visto!
Só depois dei conta que era muito jovem. Admiti que não devia ter mais que treze anos. E eu tinha quinze.
Disparate o meu quando pensei que aquela jovem parecia mergulhada no passado. Estava presente na minha frente. Bem viva.
Observei-a com mais detalhe. Era bonita, de rosto alongado, traços finos. Cabelo comprido, apanhado numa única trança.
Hipnotizado por aquele momento único, continuei a minha observação. Assim, olhei para o vestido. Era branco e com a baínha um pouco abaixo do joelho. O peito estava ainda em embrião.
Treze anos, Mário?
E eu fiz quinze em agosto...
Voltei a fixar-me na expressão do seu olhar.Tanta tristeza, porquê?
Dorme, dorme... que ela também já está a dormir e deixa-te de ilusões que não vai sonhar contigo, pela simples razão de que nem sequer deu pela tua presença hoje à noite, meu grande paspalhão. Toca mas é a dormir! Amanhã é outro dia e, se calhar, vais logo esquecer o "grande amor da tua vida".
Quantos outros grandes amores terás na tua vida, meu pinga-amor?
Serás sempre o eterno romântico! Sonhos cor-de-rosa, Mário (2).
Como é lógico, nunca mais pude voltar àqueles dias de setembro e a outros. De facto, passaram muitos amores pela a minha vida. Concordo contigo, Ernesto, meu bom amigo imaginário. Passaram, mudando apenas de nome. Grandes amores de um pobre "caçador de amores impossíveis" que tentou rever neles o grande amor da sua vida que nunca teve senão num sonho que ainda hoje vive nele e que é o grande mistério da sua vida.
Porquê?Será que ela nunca chegou a partir?
Houve tempos em que senti a sua presença, em que a vi nos olhos de outra mulher. Tempos conturbados em que estive no limiar da realidade, em que talvez tenha sido o "fictício" de quem ela falou. Nem quero pensar que estava de pés levantados, pronto a partir para o espaço imaginário. Foram tempos complicados. Tempos que, felizmente (ou infelizmente?) já passaram, sim. Tudo passou. O tempo de ontem. O segundo de hoje. Tudo. Tudo... mas ela ficou.
Mais uma vez:
Porquê?
Conheci-a há muitos anos. Em setembro. É incrível como o tempo que foi ontem ainda está presente, como um vírus que se duplica em cada dia que passa.
Deixo só para ti esta recordação...
VEM...
(2) Manuela

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