Fui encontrar este texto, que data dos primeiros meses de 2008, perdido entre outros.
Ele chamava-se João. E ela, Maria. Por obra do destino seguiram caminhos diferentes.
Os gritos pararam. Agora não sei se o silêncio me incomoda mais. De qualquer forma, ou sigo em frente, ou continuo parado. Voltar atrás é impossível.
Não foi sempre assim. Ainda ontem o meu céu estava azul e tinha a certeza que havia azul para lá do horizonte. Mas enganei-me. De repente dei comigo neste túnel escuro como breu que me gelou a alma. Foram momentos como este que substituíram os outros. Azuis por negros.
Será que morri?
Não sei como aconteceu. Eras a mulher certa. A dona da verdade e da virtude. E eu, um vilão das palavras, um manipulador, a belo prazer, de destinos virtuais.
Porque foi que escureceu de repente à minha volta?
Chamaste-me possessivo. Estavas brava comigo. Ofendida com as palavras do vilão que não entraram dentro de ti como veludo, mas como lâminas aceradas.
Não vi sangue. Talvez ódio. É capaz de ser forte demais, mas o sentimento andava muito perto do ódio. Como foi depois? Ah sim. Entraste pela via da discussão e eu deixei-te falar, falar. Não queria discutir. Só queria entender, pois sabia, por experiência própria, o resultado que ia dar se te desse réplica. Mas tu não desististe e eu continuei a pensar. Sou perigoso quando julgo que penso certo. E se era o que estava a ver, se procuravas indiretamente um fim e não sabias outro modo senão da maneira como estavas a fazer, então não tinha mais senão calar a voz e esperar que acabasses a tua zanga. Assim foi. Despedimo-nos com um beijo, como de costume, e cortou-se a ligação. Mas o fio do pensamento continuou a evoluir e desta vez empurrado para o sítio das tempestades interiores. Mau presságio. Era mesmo isso o querias, pensei. E deixei-me arrastar...
Ah!, se ao menos pudesse acabar com esta negritude que me consome!
Fiquei muito triste. Depois, revoltado, deixei soltar a ira. Ainda com o telefone na mão, continuei a ouvir as palavras duras que me tinhas dito, provavelmente em curto-circuito. Pousei o telefone no descanso e resolvi usar doutra forma as palavras que nunca te diria. Agarrei no telemóvel e comecei a teclar uma mensagem. Foi então que tudo escureceu à minha volta e vim parar aqui, onde está escuro como breu e faz muito frio. Tenho tanto frio que até a alma gelou. Por isso penso que morri. Mesmo que não tenha morrido, de certa maneira morri.
Não posso voltar para trás. Nem enviar-te o resto da mensagem a dizer aquilo que sempre te disse e que sabes muito bem o que é.
Não sei se éramos só amigos. Se podíamos ser mais que amigos. Dos meus sentimentos, não tenho dúvidas. Dos teus, nunca saberei. Amámo-nos? Só sei que cada vez há mais frio neste túnel donde não posso sair.
Queria tanto realizar o meu sonho impossível e agora só sei que morri neste frio gélido sem realizar o último desejo que até aos condenados por crimes graves se dá. Fazes hoje anos e nem sequer te posso dar os parabéns porque não consigo voltar atrás. Eu sou assim. Maldito orgulho!
Porque não se apagam as palavras que me disseste e que continuam a alimentar feridas cá dentro, se é fácil esquecer-me delas?
Agora os tempos são outros. As pessoas passam por aqui e não deixam qualquer sinal da sua passagem. Pouco me interessa. Quando comecei era diferente. O comentário transcrito abaixo, ou o que quer que tenha sido, é uma prova do que acontecia nesses tempos. As pessoas estão cada vez mais sós e indiferentes. As suas almas também gelaram. Como a minha. Lamento por elas e por mim. Só desejo que continuem a passar por aqui, nem que demorem apenas segundos para lerem uma ou duas linhas. E que não voltem se não gostarem. E que voltem, em silêncio ou não, se os textos lhes aqueceram as almas geladas. Prometo continuar aqui, mesmo sabendo que tudo mudou.
Não foi sempre assim. Ainda ontem o meu céu estava azul e tinha a certeza que havia azul para lá do horizonte. Mas enganei-me. De repente dei comigo neste túnel escuro como breu que me gelou a alma. Foram momentos como este que substituíram os outros. Azuis por negros.
Será que morri?
Não sei como aconteceu. Eras a mulher certa. A dona da verdade e da virtude. E eu, um vilão das palavras, um manipulador, a belo prazer, de destinos virtuais.
Porque foi que escureceu de repente à minha volta?
Chamaste-me possessivo. Estavas brava comigo. Ofendida com as palavras do vilão que não entraram dentro de ti como veludo, mas como lâminas aceradas.
Não vi sangue. Talvez ódio. É capaz de ser forte demais, mas o sentimento andava muito perto do ódio. Como foi depois? Ah sim. Entraste pela via da discussão e eu deixei-te falar, falar. Não queria discutir. Só queria entender, pois sabia, por experiência própria, o resultado que ia dar se te desse réplica. Mas tu não desististe e eu continuei a pensar. Sou perigoso quando julgo que penso certo. E se era o que estava a ver, se procuravas indiretamente um fim e não sabias outro modo senão da maneira como estavas a fazer, então não tinha mais senão calar a voz e esperar que acabasses a tua zanga. Assim foi. Despedimo-nos com um beijo, como de costume, e cortou-se a ligação. Mas o fio do pensamento continuou a evoluir e desta vez empurrado para o sítio das tempestades interiores. Mau presságio. Era mesmo isso o querias, pensei. E deixei-me arrastar...
Ah!, se ao menos pudesse acabar com esta negritude que me consome!
Fiquei muito triste. Depois, revoltado, deixei soltar a ira. Ainda com o telefone na mão, continuei a ouvir as palavras duras que me tinhas dito, provavelmente em curto-circuito. Pousei o telefone no descanso e resolvi usar doutra forma as palavras que nunca te diria. Agarrei no telemóvel e comecei a teclar uma mensagem. Foi então que tudo escureceu à minha volta e vim parar aqui, onde está escuro como breu e faz muito frio. Tenho tanto frio que até a alma gelou. Por isso penso que morri. Mesmo que não tenha morrido, de certa maneira morri.
Não posso voltar para trás. Nem enviar-te o resto da mensagem a dizer aquilo que sempre te disse e que sabes muito bem o que é.
Não sei se éramos só amigos. Se podíamos ser mais que amigos. Dos meus sentimentos, não tenho dúvidas. Dos teus, nunca saberei. Amámo-nos? Só sei que cada vez há mais frio neste túnel donde não posso sair.
Queria tanto realizar o meu sonho impossível e agora só sei que morri neste frio gélido sem realizar o último desejo que até aos condenados por crimes graves se dá. Fazes hoje anos e nem sequer te posso dar os parabéns porque não consigo voltar atrás. Eu sou assim. Maldito orgulho!
Porque não se apagam as palavras que me disseste e que continuam a alimentar feridas cá dentro, se é fácil esquecer-me delas?
Agora os tempos são outros. As pessoas passam por aqui e não deixam qualquer sinal da sua passagem. Pouco me interessa. Quando comecei era diferente. O comentário transcrito abaixo, ou o que quer que tenha sido, é uma prova do que acontecia nesses tempos. As pessoas estão cada vez mais sós e indiferentes. As suas almas também gelaram. Como a minha. Lamento por elas e por mim. Só desejo que continuem a passar por aqui, nem que demorem apenas segundos para lerem uma ou duas linhas. E que não voltem se não gostarem. E que voltem, em silêncio ou não, se os textos lhes aqueceram as almas geladas. Prometo continuar aqui, mesmo sabendo que tudo mudou.
O orgulho exagerado é sempre um mau aliado.
Pores em causa uma amizade...?
Eu sei o quanto as palavras podem magoar, mas também sei que alimentar esperanças, não nos faz evoluir...
Mas nada disto me parece desculpa suficiente para não dares os parabéns a uma amiga...
Não, não estás perdoado.
Maldito orgulho...
Parabéns pelo texto.
Pores em causa uma amizade...?
Eu sei o quanto as palavras podem magoar, mas também sei que alimentar esperanças, não nos faz evoluir...
Mas nada disto me parece desculpa suficiente para não dares os parabéns a uma amiga...
Não, não estás perdoado.
Maldito orgulho...
Parabéns pelo texto.
Maria
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