domingo, 14 de maio de 2023

Ela disse que não (2)


Apetecia-me encher a cama de ouro, brilhantes e rubis. Mas não era um homem rico. Só tinha pétalas para te oferecer. Infinitas pétalas da cor da paixão.

Os primeiros raios de sol atravessaram os cortinados transparentes e tu pestanejaste. Então, com cuidado, soltei-me do teu abraço suave, saí da cama em direção à janela e corri lentamente a persiana, não fosses acordar. Voltei a olhar para o teu rosto sereno e senti-me o ladrão enamorado que acabava de roubar uma joia preciosa, continuando à espera de acordares. E estava a acontecer. Mexias-te na cama, esticavas os braços, soltavas um suspiro de agrado e procuravas com as mãos o lugar que agora estava vazio.
Ergueste-te na cama, sobressaltada.
Adivinhei a tua angústia e num salto fiquei junto a ti.
Esfregaste os olhos, espreguiçaste-te e voltaste a pestanejar.
Debrucei-me sobre ti e beijei-te levemente os olhos, o nariz, os lábios. Depois, olhei para os teus seios firmes, desnudos, e tu sorriste, com malícia.
«E o café da manhã?»
Encolheste os ombros.
«Deixa para lá. Vem fazer amor comigo... vem!»
E eu deixei. O café, fumegante, que esfriasse sobre a mesa.

«Sim, meu amor, já não é preciso contarmos a passagem do tempo. Antes que ele passe por nós e nos triture, vamos enganá-lo e fugir no nosso cavalo alado que nos vai transportar para fora da galáxia, até uma distância razoável de muitos anos-luz onde ele já não pode chegar. Depois, vimos tomar o café. Já frio, que nós não damos conta.»
«Sim. E um vodka gostoso…»
«Não!, porque vês voar colibri. Não te quero perder!, meu amor»
«Seu moço bonito! Não me olhe assim! Mais um vodka não faz mal...»



Sem comentários:

Enviar um comentário