Vi-a sentada num rochedo, desnuda, olhando o mar, triste, abandonada, esquecida. Perguntei-lhe o que fazia sentada naquele rochedo.
Maliciosa... fingindo tristeza, queixou-se, sussurrando com doçura: «Estou presa, acorrentada.»
«Então que fizeste de mal?»
«Nada.»
«Nada?»
«Bem... eles dizem que traí o amor.»
«E eles quem são?»
«Eles. Não importa. Acusam-me de ter traído o meu mar.»
«O teu mar?»
«Sim. O mar que era tudo para mim.»
«E que também tira tudo.»
«Este não!, acredita.»
«Ah... Era especial para ti.»
Olhou-me com certa malícia e chamou-me com o olhar. Não sei porquê, mas senti-me em perigo.
«Estou presa e fascinada pelo verde-azul do meu mar, esse verde-azul do teu olhar.»
«Ah! Mas eu não sou o teu mar!»
«Agora, já não.»
«Como assim? Que me lembre...»
«Já estou habituada. Mas eras, sim. Fui abandonada por ti. Agora sou uma pobre sereia sem rumo. Estou só.»
«Nada.»
«Nada?»
«Bem... eles dizem que traí o amor.»
«E eles quem são?»
«Eles. Não importa. Acusam-me de ter traído o meu mar.»
«O teu mar?»
«Sim. O mar que era tudo para mim.»
«E que também tira tudo.»
«Este não!, acredita.»
«Ah... Era especial para ti.»
Olhou-me com certa malícia e chamou-me com o olhar. Não sei porquê, mas senti-me em perigo.
«Estou presa e fascinada pelo verde-azul do meu mar, esse verde-azul do teu olhar.»
«Ah! Mas eu não sou o teu mar!»
«Agora, já não.»
«Como assim? Que me lembre...»
«Já estou habituada. Mas eras, sim. Fui abandonada por ti. Agora sou uma pobre sereia sem rumo. Estou só.»
«Tens o mar.»
«O meu mar és tu.»
«Não. Não sou o teu mar!» repeti. «Nem quero olhar para os teus olhos.»
O magnetismo daquela olhar metia-me receio. Ao mesmo tempo, fascinava-me. Um estranho dilema que me fazia pensar. Que mal lhe teria feito? Mas não seria tudo encenação sua?
«Que estranha atração! Está a chegar a mim um mar de desejos.»
De repente, alguém a meu lado fala comigo, abraça-me, sorri com doçura. Impossível! Eu e ela, muito juntos, abraçados, carentes, sonhadores, a olhar o mar que nos fascina. Então, mergulho no mar do olhar e beijo as colinas suaves dos seus seios. Deixo as mãos. Movo as mãos. Mas na onda que se espraia pela areia vejo a espuma que se desfaz...
Aquela onda que varreu a praia cantou baixinho. Arrastou-me com doçura. Perdi-me de mim. Fiquei no seu mar. Foi por pouco que não me perdi na magia daquele momento.
«Que música é esta?, que desejo estranho é este?»
«Sou eu que te estou a chamar...»
«Não!, não quero mais acreditar na magia desse olhar.»
O rochedo continua por lá, mas não a vejo, a sereia. Foi tudo um sonho!, quero acreditar. Mesmo que tenha sido um sonho é importante esse sonho não acordar. Vou fugir. Afastar-me para bem longe da melodia daquele olhar. Tem que ser de vez. Não importa a música que me fascina. O desejo e o não desejo de ouvir o seu canto fatal. A sua nudez alva e sedutora. O erotismo duma entrega falsa que um dia me fez naufragar.
É melhor partir de vez. Ser pássaro para voar veloz, bem longe das areias douradas desta praia encantada. E rumar para lá do céu azul, longe do seu olhar, onde o mar das sereias não pode alcançar...
«Não. Não sou o teu mar!» repeti. «Nem quero olhar para os teus olhos.»
O magnetismo daquela olhar metia-me receio. Ao mesmo tempo, fascinava-me. Um estranho dilema que me fazia pensar. Que mal lhe teria feito? Mas não seria tudo encenação sua?
«Que estranha atração! Está a chegar a mim um mar de desejos.»
De repente, alguém a meu lado fala comigo, abraça-me, sorri com doçura. Impossível! Eu e ela, muito juntos, abraçados, carentes, sonhadores, a olhar o mar que nos fascina. Então, mergulho no mar do olhar e beijo as colinas suaves dos seus seios. Deixo as mãos. Movo as mãos. Mas na onda que se espraia pela areia vejo a espuma que se desfaz...
Aquela onda que varreu a praia cantou baixinho. Arrastou-me com doçura. Perdi-me de mim. Fiquei no seu mar. Foi por pouco que não me perdi na magia daquele momento.
«Que música é esta?, que desejo estranho é este?»
«Sou eu que te estou a chamar...»
«Não!, não quero mais acreditar na magia desse olhar.»
O rochedo continua por lá, mas não a vejo, a sereia. Foi tudo um sonho!, quero acreditar. Mesmo que tenha sido um sonho é importante esse sonho não acordar. Vou fugir. Afastar-me para bem longe da melodia daquele olhar. Tem que ser de vez. Não importa a música que me fascina. O desejo e o não desejo de ouvir o seu canto fatal. A sua nudez alva e sedutora. O erotismo duma entrega falsa que um dia me fez naufragar.
É melhor partir de vez. Ser pássaro para voar veloz, bem longe das areias douradas desta praia encantada. E rumar para lá do céu azul, longe do seu olhar, onde o mar das sereias não pode alcançar...

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